29.9.07

Constituição garante ambiente equilibrado, lembra Desembargador Prudente

Padre Edilberto sai animado da conversa com Desembargador




Na tarde dessa sexta-feira o Padre Edilberto Sena, representante da Frente de Defesa da Amazônia (FDA), de Santarém, esteve em Brasília em audiência com o Desembargador Federal Antônio Souza Prudente, do Tribunal Federal Regional, da 1ª Região.

O Desembargador Prudente foi o relator do processo em que o Ministério Público Federal do Pará solicitou o fechamento do porto graneleiro da Cargill, instalado em Santarém sem a realização do devido Estudo de Impacto Ambiental -EIA, obrigatório por lei.
O porto opera desde 2003 com base em liminares obtidas na Justiça, e já embarcou mais de 2 milhões de toneladas de soja, de acordo com os levantamentos do Padre Edilberto.

Embora tenha sido voto vencido em algumas questões, o Desembargador Prudente entende que o Acórdão resultante do julgamento contém questões positivas e importantes para os aspectos ambientais e sociais. A divulgação desse documento no Diário Oficial da Justiça ocorrerá muito em breve, tendo o Desembargador conversado com o Padre Edilberto sobre as questões que se tornaram públicas na sessão de julgamento em que apresentou seu relatório sobre o caso.

De acordo com o representante da FDA, a perspectiva do movimento social quanto à questão agora ficou mais clara, e o próximo passo deverá ser acionar o Ministério Público Federal para que faça a devida apelação com objetivo de paralisar o porto até que o EIA seja concluído e aprovado. E mais, para que a realização desse estudo seja imediatamente determinada pela Justiça, e não fique aguardando para que o processo transite em julgado, o que não se pode avaliar quando irá ocorrer.
O Observatório acompanhou o Padre Edilberto na audiência com o Desembargador Prudente, e realizou a entrevista exclusiva que aparece editada no vídeo acima.

21.9.07

Os homens (e mulheres esmagados com as laranjas) que viram Suco

Já que estamos na filmografia, um título bem nacional: "O homem que virou suco".

Aqui, a culpa é do mercado, segundo justificativa dos produtores e industriais da cadeia de suco de laranja para manter seus trabalhadores em condições vís e recebendo menos que o salário mínimo. Em pleno Estado de São Paulo, não é coisa do Maranhão ou Piauí!

De acordo com a repórter Jucimara de Pádua, da Folha de São Paulo, a “Fiscalização estima que cerca de 3.000 trabalhadores de uma das principais regiões produtoras de SP recebam abaixo de R$ 380”

Informa a repórter que, em 50 propriedades produtoras de laranjas, fiscais do Ministério do Trabalho constataram que grande parte dos empregados na colheita “não têm equipamentos de segurança e são transportados em veículos precários”, além de receberem menos que um salário-mínimo por mês.

Os laranjais visitados ficam na região de Araraquara e São Carlos (interior paulista), que produz 30% da colheita brasileira do fruto, cerca de 100 milhões de caixas de laranja, de acordo com a Folha.

"A situação do trabalhador na lavoura da laranja está pior que a do trabalhador da cana", disse à repórter o subdelegado do Trabalho de São Carlos, Antonio Valério Morilas Junior.

De um lado, a desculpa e descaso

O presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), Flávio Viegas, diz que o baixo preço pago pela indústria aos produtores de laranja é o grande responsável pelas irregularidades nos laranjais. A Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Citros) tira o corpo fora, afirmando que não tem nenhuma responsabilidade nas irregularidades.

Segundo Morilas Júnior, da DRT, 95% dos funcionários aceitaram trabalhar ganhando menos que o salário mínimo. Eles recebem de R$ 240 a R$ 360.

O presidente da Associtrus informa que a indústria os paga de U$ 3 a U$ 4 a caixa, quando o custo de produção é de U$ 7. Não conseguimos oferecer melhores condições de trabalho", conclui Viegas.

O presidente da Abecitrus (exportadores), Ademerval Garcia, informou que "a caixa de laranja é comprada pela indústria na porta da fábrica, que não tem responsabilidade pela colheita". Ele diz que o preço da caixa de laranja não está baixo. "É negociado entre produtor e indústria. Seguimos o mercado", conclui Garcia.

Ou seja, se a colheita é realizada por semi-escravos, eles fecham os olhos para isso e esmagam laranjas e homens. O que importa é exportar o suco. Quando começarem a enfrentar barreiras nessa exportação, devido às condições de trabalho degradantes na cadeia produtiva, vão se sentir injustiçados.

Do outro lado, o desamparo

Elio Neves, presidente da Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo), disse à FSP que as irregularidades no setor de laranja demonstram o "descaso" com os trabalhadores.

"O agronegócio brasileiro tem a cultura de descumprir os direitos, completou ele à repórter da Folha, e toda vez que a fiscalização afrouxa, as irregularidades aparecem. O suco de laranja brasileiro é competitivo no mercado internacional à custa do trabalho degradante e o não-cumprimento das normas trabalhistas", disse Neves.

Ademildo Luque, 38, que colhe laranjas na região de Itápolis há quatro anos, disse à repórter da Folha que nunca enfrentou situação tão crítica. "A maioria não consegue tirar o salário mínimo porque a laranja está miúda. Trabalhamos o dia todo e com muito custo conseguimos encher a caixa. A safra está ruim." Os trabalhadores ganham por produtividade -o produtor paga R$ 0,31 por caixa colhida de 27 kg.

do Touro Sentado ao Boi voador, passando pelo nosso Capitalismo...

O sui generis capitalismo à brasileira deve ser muito difícil de ser entendido pelos economistas, especialmente aqueles alinhados com a ortodoxia neo-liberal.

Como encaixar o pedido que fazem os usineiros para que o governo intervenha no mercado, como ouvido pelo Ministro da Aricultura em sua reunião com a Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), quando, de acordo com a Folha de São Paulo (21.09.07), os membros da CNA demandaram “uma presença maior do governo na regulamentação do setor sucroalcooleiro no Brasil”. Diz a Folha que, “no encontro, os produtores de cana reivindicaram ao governo uma regulação mínima do setor para compatibilizar a relação entre produção e mercado...pois os preços médios recebidos pela tonelada de cana estão cerca de 20% abaixo do seu custo”. Segundo eles, “A principal causa da queda nos preços é o excesso de oferta, decorrente da expectativa de aumento de demanda.”
Na hora de ganhar, louva-se o mercado e exige-se que o governo fique fora, não intervenha. Se aumentam a produção visando ganhar mais, o que é natural – mas de acordo com as regras do mercado capitalista maior oferta significa menores preços unitários – então o governo tem que intervir para garantir maior preço!
Enquanto isso, o braço político do conjunto de senhores da terra aproveita mais um momento de fraqueza política do governo Federal para obter vantagens financeiras, (en)rolando suas dívidas em melhores condições, troca essa feita por apoio à continuidade do imposto sobre movimentações financeiras –CPMF, que naturalmente vai contra tudo que esses ditos capitalistas defendem, teoricamente.
Ainda de acordo com a FSP, onde relata o repórter Fábio Zanini:
“Além de distribuir cargos para aprovar a emenda da CPMF, uma das principais ofensivas do governo anteontem, antes da votação, foi feita com a bancada ruralista, uma das mais influentes na Câmara.
Por volta das 17h, quando começava a batalha ...pela aprovação da emenda ..., um grupo de seis líderes ruralistas e um vice-líder do governo era recebido no gabinete do ministro Guido Mantega (Fazenda) por ele e seu colega Reinhold Stephanes (Agricultura).
Ouviram a promessa de que a dívida de R$ 120 bilhões no campo estaria rolada até o fim do ano e a garantia de que 33 mil imóveis de proprietários em débito não serão leiloados (grifos meus).
...
De lá, os deputados partiram para a Câmara. O próprio Stephanes foi ao plenário, por volta das 22h30, quando a votação acontecia. "Faz parte da minha função ajudar a articular."
O repórter perguntou, então, ao Ministro da Agricultura, o que estva fazendo lá na Câmara dos Deputados. Resposta:
- Faz parte da minha função ajudar a articular quando necessário.
FOLHA - O sr. foi articular como? Foi ouvir pedidos de cargos?
STEPHANES - Não. Foi simbólico, para mostrar que estou presente. A maior parte do tempo fiquei sentado.
Até parece que, para articular no Plenário da Câmara, algum Ministro de Estado precisa ficar circulando, de pé: normalmente faz-se uma “romaria” para conversar com o visitante...
Mas enquanto o Touro ficou Sentado na Câmara, no Mato Grosso parece que a boiada está toda voando! Dizem os pecuaristas, de acordo com a CNA, que não foram eles os responsáveis pelo aumento do desmatamento no Estado. Os sojeiros falam a mesma coisa. Quem, então, derrubou tantas árvores que fez a área desmatada duplicar? os preços da carne e da soja aumentaram no mercado internacional, mas os pecuaristas do MT dizem que não têm esse estímulo porque a zona não tem condições de exportar devido à febre aftosa. Já o presidente interino da Federação da Agricultura e Pecuária do MT, Normando Carral, diz que “a pecuária ocorre no cerrado e não na floresta, em áreas propícias para a criação de gado e para a lavoura”.
Parece que esse senhor chegou à Terra agora, simplesmente ignorando a história da pecuária nas últimas quatro ou cinco décadas, quando estimulada por incentivos fiscais penetrou fortemente na Floresta Amazônica. Além disso, sua justifictiva indica que desmatar o Cerrado não tem problema, já que ele não vale nada mesmo, e que sua destruição –além da perda da biodiversidade e das águas que vão desaparecer – não estaria contribuindo, e muito, para o aquecimento global do Planeta.
Aí já chegamos ao boi voador imitando avestruz, enfiando a cabeça dentro da areia para não enxergar o que se passa à sua volta...

19.9.07

O Rato que Ruge, lembram-se do filme?

Bravatas era o que ouvíamos no passado, sem saber que o eram.
Agora, o que será?
De acordo com a FSP, o presidente da República disse, ontem, em encontro dos povos da floresta, que "todo mundo precisa saber que a Amazônia tem dono", e que "aquilo não é terra de ninguém".
Por que ele não diz isso pros grileiros, ou pelo menos não manda a Polícia Federal fazer isso em nome dele?
Outro dia mesmo, juntaram-se os chefes dos poderes Executivo e Legislativo de Juína, no Mato Grosso, com o beneplácito/vista grossa da PM do governador Maggi, e revogaram a Constituição Federal, expulsando ativistas do Greenpeace e jornalistas europeus que o acompanhavam. Revogaram o "direito de ir e vir". O que os expulsos queriam ver? a convite dos índios, iriam visitar uma terra indígena ameaçada de grilagem pelos fazendeiros locais.
Segue o jornal: "Ele falava que no próximo fim de semana irá aos EUA discutir questões climáticas. E desabafou: "eu tenho me recusado a aceitar lições que qualquer governante tem de dar ao Brasil de como preservar as suas florestas".
Engrossar a voz "pros EUA", aqui, e sabendo que ninguém lá presta atenção ou dá valor a falas demagógicas, é fácil (quem viu o grande filme "O rato que ruge"? a grande pergunta era: e se nós ganharmos a guerra, que faremos?).
Difícil é dizer pros grileiros nacionais que aquilo lá "não é terra de ninguém"...

10.9.07

Mercado das Indulgências Verdes

O colunista Marcelo Leite, da Folha de São Paulo, tocou ontem (09.09.07) em um ponto nevrálgico no modismo das compensações ambientais em voga no momento: a compra de créditos de carbono, que ele classifica como "indulgências verdes".

Ele lembra que "está fazendo falta um Lutero para sacudir a igrejinha verde de nossos tempos"...Lutero revoltou-se com a venda de indulgências pelo Vaticano e acabou liderando um cisma que resultou na igreja que levou seu nome.

Mas, prossegue Marcelo:
"A compra e venda de indulgências, no entanto, segue firme. Mudou de ramo, aplacando agora consciências recém-convertidas ao credo ambiental por meio da neutralização de carbono. Parece bem lucrativo, e por ora não se vislumbra o risco moral de um Lutero verde no horizonte."

Encurtando a estória, o colunista coloca em foco as compensações de emissão de carbono das suas atividades que Al Gore e sua equipe de produção do documentário "Uma Verdade Inconveniente" tentaram realizar. A "produção do filme provocou o lançamento de muito gás do efeito estufa na atmosfera. Como Gore e sua trupe são ecologicamente corretos, preocuparam-se em "neutralizar" tais emissões."

Essa "neutralização é, hoje, o must ambiental empresarial. Um especialista "contabiliza todas as atividades relacionadas com o filme que emitem gases-estufa, converte-as para toneladas equivalentes de gás carbônico" e o responsável pela emissão dos gases compra títulos de carbono no mercado.

Marcelo localizou uma reportagem de Alan Zarembo no "LA Times", no dia 02.09.07, que registra que "os 496 dólares e 96 centavos que os produtores de "Uma Verdade Inconveniente" pagaram para neutralizar as 41,4 toneladas de carbono geradas pelo filme não serviram para grande coisa. O intermediário, uma firma chamada Native Energy, empregou o dinheiro para comprar e repassar -com lucro provável de quase 10 dólares por tonelada- títulos de projetos que haviam economizado emissões de gases-estufa na Pensilvânia (geração de eletricidade a partir de metano de esterco de vaca) e no Alasca (eletricidade produzida com turbinas de vento).
O galho, descobriu o repórter Zarembo, é que ambos os projetos iriam ser feitos de qualquer jeito, com ou sem os títulos de carbono. O dono das vacas pretendia ganhar direito vendendo eletricidade extra para a rede e aceitou alegremente, sem negociar, a primeira oferta da Native Energy para comprar as reduções. Algo de similar aconteceu no Alasca.
Johann Tetzel e Al Gore que nos perdoem, mas está fazendo falta um Lutero para sacudir a igrejinha verde de nossos tempos", conclui Marcelo Leite (para ler a coluna completa, exclusivo para assinantes da Folha e do UOL, clique aqui)

Sem dúvida alguma, Marcelo.
Será preciso muito trabalho das pessoas que estão apostando seriamente nesse mecanismo de compensação, para criar mecanismos de monitoramento e levar recursos para projetos que realmente não teriam como ocorrer sem esses aportes de recursos, para que as compensações deixem de ser indulgências ou meros papéis financeiros sem qualquer ligação com a realidade do planeta...

6.9.07

Companheiro Delfim Neto denuncia "patifaria" dos bancos

Karl Marx - história, socialismo

Delfim cita Marx sobre "patifaria" de banco

Mantendo suas raízes de socialista fabiano, declaradas mesmo durante a Ditadura Militar quando exerceu o papel de Czar (muito apropriado, não?) da Economia, o professor Delfim Neto levantou a ponta do véu que esconde os truques contábeis das empresas para lesar acionistas e público em geral.

Segundo reportagem, hoje, na Folha de São Paulo (grifos meus), o "ex-ministro da Fazenda disse que a crise nos mercados está no começo e denunciou a "patifaria dos bancos" estrangeiros. "O sistema bancário vai revelar mais truques contábeis do que o setor industrial. As empresas que transformaram "junk bonds" em AAA são ligadas ao sistema bancário. Existe muito mais patifaria do que foi conhecida."

E segue nosso líder socialista, de acordo com o citado jornal:
"Vai acontecer aquele velho prenúncio que o companheiro Carlos [o economista Karl Marx] dizia: alguns que não cometeram mais irregularidades vão absorver os que cometeram menos irregularidades."

Vejam bem: como profundo conhecedor da teoria e da prática, Delfim cita Marx, reafirmando que alguns que não cometeram MAIS irregularidades vão absorver os que cometeram MENOS irregularidades...

Quem paga pelos erros na política econômica?

Os "de sempre" (acima, na foto),
como dizia o capitão Renault, no filme Casablanca.


Vejam só, car@s amig@s, há organismos das Nações Unidas que teimam em querer que os países desenvolvam todas suas potencialidades e que isso se reflita em suas populações, com melhoria de seus padrões de saúde, educação, de vida, enfim.

Serão jurássicos, cepalinos empedernidos, saudosistas, ou o quê?

Um documento da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD, denominado "Relatório de Desenvolvimento e Comércio de 2007", que veio a público ontem, afirma que o “câmbio flutuante prejudica” o Brasil.

Conforme relata a repórter Leandra Peres, da sucursal brasiliense da Folha de São Paulo (grifos meus), “A adoção do sistema de metas para a inflação e de taxas de câmbio flutuantes após a desvalorização do real, em 1999, trouxe resultados "decepcionantes" para o Brasil, por haver levado a uma "tendência de valorização da moeda e deterioração da competitividade global".

A reportagem cita, também, que não apenas o Brasil entrou nessa fria mas, também, países que adotaram a mesma metodologia – como México, Turquia, África do Sul e Hungria – encontram-se na mesma difícil situação.

Capital especulativo

A valorização da moeda está ligada às altas taxas de juros, que atraem o capital especulativo internacional, diz a UNCTAD. Ou seja, a valorização da moeda local frente ao dólar nada tem a ver com a economia real, com a economia do país estar “mais forte”, ou por ter o governo “feito o dever de casa” (determinado pelo FMI) e ter a economia e inflação sob controle.

O documento da UNCTAD vai além da crítica apenas, conforme relato de Leandra Peres, propondo a solução: “a criação de um sistema mundial de monitoramento do câmbio. Mas, conclui a repórter, “como até a Unctad considera essa saída pouco provável, (esse organismo das Nações Unidas) defende que os países em desenvolvimento taxem os capitais especulativos e façam intervenções no câmbio para evitar a valorização excessiva.”

Com licença do Nassif, pergunto: e os "cabeças-de-planilha" governamentais, com posições de direção na política econômica, porque não são responsabilizados por seus erros?

5.9.07

Qual é o tamanho da "vara"?

Estão cutucando uma sombra que pode ser uma onça com uma vara de tamanho desconhecido, só para testar se é onça realmente ou um cachorro morto?
Essa é a impressão que dá ao leitor a seguinte notícia veiculada no jornal O Estado de São Paulo:
Diz o Estadão, hoje (grifos meus -MG): "Ipea tem mais um diretor desenvolvimentista"
ADRIANA CHIARINI - Agencia Estado
"RIO - O economista João Sicsú, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi apresentado esta semana aos funcionários do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), como novo diretor de Estudos Macroeconômicos. Ele substitui Paulo Levy, que estava no cargo desde o início do governo Lula, em 2003, e é funcionário de carreira do Ipea."
.....
Tanto Pochmann quanto Sicsú são da linha desenvolvimentista, assim como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Ao contrário do moderado Paulo Levy, que demonstrou, em sua gestão, grande preocupação com a questão fiscal.
E prossegue a matéria, na linha de outras que pulularam a imprensa e as suas colunas econômicas quando suas "fontes" sentiram que poderiam ter que limitar sua fala aos trabalhos efetivamente do IPEA, e não poderem "misturar" a griffe IPEA com trabalhos feitos para outras fontes...
Vejam a sutil cobrança:
"O Grupo de Acompanhamento Conjuntural (GAC), que elabora o Boletim de Conjuntura do Ipea - com previsões que nem sempre coincidem com os dados do governo divulgados pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento -, é subordinado à Diretoria de Estudos Macroeconômicos. Levy tinha sido coordenador do GAC antes de passar a diretor. Sicsú ainda não anunciou o que fará com o GAC."
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

4.9.07

Só enxergam o que querem ver...

O jornal Valor Econômico, em sua edição de hoje, estampa o seguinte título:
"Estudo diz que pecuária desmata a Amazônia, e não a soja".

A partir de um estudo do economista Julio Miragaya, que ocupa a
coordenação-geral de Planejamento e Gestão Territorial (CGPT), do Ministério da Integração Nacional, a matéria bate mais uma vez no ponto repisado por todos os defensores do agronegócio no Brasil (ia escrever "brasileiro", mas corrigi a tempo...): que não é a soja que desmata a Amazônia mas, sim, a pecuária.
Acho que eles continuam errando no argumento, pois deveriam ter mantido o refrão anterior, de que não é o gado que desmata a Amazônia, mas sim os madeireiros é que derrubam as árvores...
Ora, vejam trechos da citada reportagem (os negritos e itálicos são meus):
"A gente fica batendo na tecla errada, esquece o efetivo responsável e acaba adotando políticas públicas erradas", afirma Julio Miragaya, autor do estudo. "O fantasma da Amazônia não é a soja, é a pecuária".
.....
"Miragaya salienta que o avanço do plantio de soja em áreas que antes eram ocupadas pela pecuária, sobretudo no Centro-Oeste, forçou o avanço do gado para as áreas amazônicas. Esse efeito indireto, segundo ele, teria sido equivalente a 4,62 milhões de hectares (ou 15% das áreas utilizadas para o agronegócio)."
....
"Ao contrário dos nossos concorrentes, o Brasil tem terras demais. E para onde o gado está indo? Para a Amazônia, enquanto nas demais regiões do país os rebanhos estão em declínio", diz.
"É o que se conhece como movimento de "subida do boi". Expulsos por culturas mais rentáveis do sul, sudeste e centro-oeste do país, os rebanhos bovinos encontraram na região amazônica condições ideais para crescer: terras baratas (em muitos casos griladas), solos e clima impróprios para lavouras em algumas localidades. A falta de infra-estrutura, indispensável para as grandes plantações de grãos, é outro fator que explica esse movimento."
.....
"O estudo mostra que o impacto (direto, observação minha-MG) da soja ainda é bastante limitado em relação ao desmatamento provocado por outros setores do agronegócio. "

"Não é a pecuária a responsável pela invasão na região amazônica", contesta o sr. Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), na mesma matéria do Valor Econômico. Segundo ele, "Falta na região um melhor controle do direito de propriedade. Muitas das propriedades não têm título e é isso que gera a disputa pela terra e fomenta a invasão de áreas". Para o presidente da SRB, no entanto, não há necessidade de se criar um zoneamento por culturas da região amazônica. "O próprio mercado decide se vale a pena plantar ou não", diz, citando como referência a moratória da soja assinada pelas indústrias esmagadoras, que se comprometeram a não comprar grão produzido em áreas desmatadas do bioma amazônico.

Depois de ler esses trechos, será que ainda fica de pé a "inocência" do avanço da fronteira agrícola da soja com relação à "culpa" do desmatamento? segundo as palavras do citado autor, a soja ocupou as terras no Centro Oeste onde estava o rebanho bovino e o expulsou para o Norte, e para alí entrar a pecuária teve que desmatar...Ora, pois!

Você sabia que em 2010 vamos eleger parlamentares ao ParlaSul?

(E/D): o integrante da representação brasileira no Parlamento do Mercosul, senador Aloizio Mercadante (PT-SP); o vice-presidente brasileiro no Parlamento, deputado Dr. Rosinha (PT-PR); e o presidente do Parlamento do Mercosul, o deputado uruguaio Roberto Conde, em Montevidéu - Uruguai. Fotógrafo: Leopoldo Silva - Agência Senado

Eu só fiquei sabendo agora, como sou ignorante em matérias do MercoSur (como escrevem nossos amigos de fala castellana)!!!
Quem você pretende mandar para lá? para fazer o quê? já pensou nas políticas necessárias para efetivamente criar um bloco coeso, integrado e com economias complementares porém competitivas e equilibradas, quase como a União Européia? que tarefa daremos aos nossos representantes, ou eles repetirão o que vemos em nossos próprios parlamentos, representando interesses que não os nossos?
Hoje, até a Agência Senado esqueceu esse encontro de Montevideo, só tendo informado até agora (20h) a abertura das sessões.
Em compensação, na área internacional da página em castellano do Senado, a informação é do dia 30 pp!! mas contém uma declaração importante do presidente de nossa delegação. Reproduzo em castellano:
"La legitimidad del Mercosur sólo será plena, en la opinión del senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), cuando la sociedad brasileña tenga mayor conocimiento del proceso de integración con los países vecinos. Electo recientemente presidente de la Representación Brasileña en el Parlamento del Mercosur, pretende estimular el debate sobre el tema en todo el país.
- Necesitamos iniciar la marcha y conversar con empresarios, trabajadores y la sociedad organizada - afirmó Mesquita en entrevista a la Agencia Senado.
Está faltándole un poco de legitimidad al Mercosur. El surgimiento del parlamento le da alguna legitimidad al proceso. La burocracia del Mercosur tiene cierta legitimidad, pero la legitimidad sólo será plena cuando el pueblo brasileño comprenda lo que está pasando.
El senador recordó también que en 2010 los electores brasileños escogerán por el voto directo, por la primera vez, a sus representantes en el Parlamento del Mercosur, que tiene sede en Montevideo."

E a única notícia de hoje:
04/09/2007 - 10h46 - Mercosul
Começa a reunião do Parlamento do Mercosul
Começou há pouco a segunda parte da quinta sessão ordinária do Parlamento do Mercosul, em Montevidéu. O presidente do Parlamento, deputado Roberto Conde, abriu a reunião anunciando que as comissões permanentes começariam a funcionar ainda hoje, uma vez que na noite de segunda-feira se alcançou um acordo sobre a distribuição das presidências das comissões entre os paises membros do bloco. A delegação brasileira ficará com o comando de três comissões: Assuntos Econômicos, Financeiros, Comerciais, Fiscais e Monetários; Desenvolvimento Regional Sustentável, Ordenamento Territorial, Habitação, Saúde, Meio Ambiente e Turismo; e Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Esportes.
Código da notícia:16587
(da Agência Senado)

3.9.07

Brasil não dá bola para ParlaSul


Depois de ler a notícia, pela manhã, na página do Senado, tive que procurar com lupa e muito tempo gasto nos sítios dos jornalões, para ver se algum informava o que havia ocorrido na reunião do Parlamento do Mercosul, que está acontecendo em Montevideu, no Uruguai. Na pauta, liberdade de imprensa na Venezuela de Chavez e a "guerra" das "papeleiras' entre Argentina e Uruguai...
Os sítios dos paulistanos Estadão e FSP desconheceram totalmente o encontro e percebe-se que, para eles, os leitores brasileiros devem achar muito melhor saber que, pela primeira vez em 522 anos de existência, uma mulher compõe a guarda de Sua Majestade, a Rainha da Inglaterra...
Já o sítio do carioca O Globo, o G1, dá na lista de notícias internacionais, bem escondido, sem qualquer destaque, duas matérias originadas da agência de notícias espanhola EFE, depois das 20h, enquanto a Agência Senado já praticamente havia disponibilizado o conteúdo principal ants das seis da tarde.
Os dois assuntos mais "quentes", Liberdade sob Chavez e as "papeleiras", saíram rapidamente da pauta, nem sequer foram discutidos...
(foto: Plenário do ParlaSul reunido em Montevideu, 03.09.07 -fotógrafo Leopoldo Silva - Agência Senado.
Nota:"Avanço" tecnológico na postagem de fotos graças às luzes oriundas do amigo jornalista Marcos Rocha, velho companheiro de redações e butecos em BH. Vejam seu blog: http://planogeral.blogspot.com)